quarta-feira, 7 de março de 2012

Valkyrie: Alma Brilhante parte 4


     Eu estava pensando nisso quando a Sandie me pegou
por um braço e a Jannie pelo outro. Elas estavam rindo sobre algo, então entrei na folia.
- Porque que cês tão rindo, hein?
- Você não viu?
- Não.
- Não acredito, ela não viu!
     Depois disso a Sandie começou a rir denovo.
- O Shai fez um cartaz pra você!
- O quê? – Eu disse desconfiada – O que ele escreveu?
- Sei lá, não deu pra ver.
- Então qual é a graça?
- A graça foi ele gritando para te chamar, a gente dizendo que você estava ouvido e ele dizendo o que tava escrito no cartaz, porque a letra tava muito pequena. – Sandie explicou.
- Isso umas quatro vezes. – Jannie disse – E ele ainda fez em forma de poema.
     Imaginei a cena mentalmente. Vi o Shai recitando as linhas de um cartaz com um poema ilegível e não me agüentei. Explodi em risadas. Nós ficamos rindo até entrar na casa da Jannie.
- Mas o quê... – Jannie disse.
     A sala estava completamente desarrumada. O sofá e o tapete estavam rasgados, a TV de tela plana (maravilhosa, quarenta e nove polegadas) estava destruída e o vaso chinês com flores-de-lótus estava despedaçado no chão. Pensei “Agora a coisa ficou séria”. A mãe da Jannie ama aquele vaso, e a culpa cairia sobre a Jannie.
     Não sei por que, mas eu me sentia culpada por aquilo. Não sei, parecia que aquilo tinha sido causado por eu estar ali. Mas logo abandonei a idéia e comecei a dar ordens.
- Jannie, vê se sumiu alguma coisa, Sandie, verifica os outros cômodos comigo.
     Jannie ficou remexendo a sala, e eu e Sandie subimos para o segundo andar. Todos os cômodos no caminho do quarto da Jannie estavam destruídos. Verificamos os que ficavam mais longe. Completamente organizados.
- Se estava procurando alguma coisa, achou ali no quarto
da Jannie, e se ainda está na casa, está ali.
- Oi meninas, não sumiu nada.
     Jannie tinha acabado de voltar.
- Beleza, só falta verificarmos o seu quarto.
- Quem entra primeiro?
- Eu vou.
     Abri a porta e me deparei com o quarto de Jannie, mais precisamente, o que tinha dentro dele.
- Ah, não... – Disse Sandie – Um goblin não...
Era uma coisinha feia e baixinha, com a cara toda enrugada. Era encurvada e tinha acabado de deixar algo na cama da Jannie. A criatura olhou para a gente e disse.
- Arrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrg!
     Neste momento, eu me choquei. Sandie fechou os olhos, bateu uma mão na outra e disse:
- Lautípse augá!
     E uma onda apareceu DO NADA e levou a criatura pela janela. Depois que nos acalmamos, eu e a Jannie despejamos a torrente.
- O que foi aquela onda?
- Não sei.
- Como você sabia a espécie daquele troço?
- Foi chute.
     Continuamos fazendo perguntas até ela explodir. Quando isso aconteceu ela berrou.
- Chega!
Paramos de falar instantaneamente.
- Eu não sei de nada do que aconteceu agora. Tudo isso, eu não sei de onde veio. Então parem de fazer perguntas, tá?           
Ela começou a chorar. Nós como boas amigas, fomos consola-la.
- Calma, Sandie, não foi nossa intenção.
- Não queríamos te irritar.
- Não, tudo bem, agora já estou melhor.
- Mas o que era aquilo?
     As duas continuaram se perguntando o que tinha acontecido e eu fiquei quieta, até que reparei um brilho marrom em cima da cama.
- Hã?
     Daí eu vi o brilho dourado.
- Jannie.
- O quê?
- Olha aqui. - ela chegou perto - Qual é a probabilidade de termos recebido colares quase idênticos no mesmo dia?
- Mágica - disse uma voz conhecida - A probabilidade é mágica.

Nenhum comentário:

Postar um comentário