Valkyrie: Alma Brilhante
“Valkyrie, o que significa
isso?”
Essa é uma frase que costumo ouvir
bastante. Quando meu padrasto vê meu boletim, quando minha mãe descobre algumas
fotos que tiro com minhas amigas (ou meu namorado)... Mas essa foi especial.
Essa mudou minha vida para sempre.
Tudo começou numa segunda-feira. Eu abri
meus lindos olhos âmbar (adoro me gabar disso!) e pensei: “Cara, é hoje...”.
Sabe por quê? A primeira coisa que vejo é uma aranha de uns dez centímetros bem
na minha cara.
Não tenho medo de aranhas. Na verdade, não
tenho medo de bicho nenhum, mas a desgraçada me deu um susto. Dei um tapa nela,
e, tadam, ali estava uma nova decoração de parede. Eba!!! (falsa animação)
Levantei e chequei o meu quarto. Minha
casa é bem grande e bonita, mas o meu quarto é o pior cômodo dela.
É no sótão, a madeira do teto
está caindo aos pedaços, meu armário mal cabe de tão baixo que é o pé
direito. Tenho também minha escrivaninha,
minha estante (lotada de livros de ficção) e meu colcama. Não estou ficando
louca, é colcama mesmo, o negócio é tão baixo que o colchão fica a meio
centímetro do chão (eu medi).
Desci
para tomar café. O meu padrasto (que tem cento e cinqüenta e dois de cintura)
já estava lá, como de costume, lendo o jornal, com suas meias (fedidíssimas) na
mesinha de café. Ele me viu e começou o falatório típico de segunda.
- Bom dia, filha ingrata.
- O que foi agora, Paul?
Ele já acorda de mau humor, sempre.
- Ouvi você, o que houve, foi
raivinha? Nós damos tudo para vocês, e vocês já acordam batendo na parede?
O quê, ouvido biônico? Que cara idiota,
sério, depois daquilo me deu vontade de puxar seus ralos cabelos pretos.
- Foi uma aranha, Paul.
- Aun, minha filhinha tem
medinho de aranha.
Depois dessa não agüentei. Explodi.
- Você sabe muito bem que não
tenho medo de bicho nenhum! Foi só no susto! E outra coisa que você sabe bem
é que não sou sua filha.
Nas últimas quatro palavras eu berrei.
Depois disso subi para o meu quarto. Ouvi ele me seguindo. Cheguei e tranquei a
porta.
- Você vai ver quando você
sair daí Valkyrie, você vai ver!
Virei-me. Encontrei a última pessoa que
esperava encontrar no meu quarto fazendo a última coisa que eu esperava que
fizesse.
O meu roliço meio-irmão Kyle estava lendo
um livro. Kyle tem onze anos, está na segunda série do fundamental (isso mesmo,
ONZE anos. Bota burro, né?) e odeia ler. Então berrei.
- Kyle, o que está fazendo
aqui?
- Valkye, que susto!
- O que você está fazendo aí?
Fui para perto dele e peguei o livro. Era
um que eu nunca tinha visto na vida. Chamava-se “Aritimética para mentes
fracas”.
- Porque você está lendo
aqui?
- Eu não queria que me
descobrissem lendo isso.
- Por quê? A única coisa nova
aqui é que você está estudando aritimética. Eu sempre soube da mente fraca.
- Sai daqui sua chata!
- Porque eu sairia do meu
quarto? Sai você!
- Então tá! Tchau, de
preferência para nunca mais.
- Peraí, do que você tá
falando?
Ele me mostrou a língua, pegou o livro,
destrancou a porta e saiu correndo. Eu mais que depressa tranquei a porta
novamente.
Daí eu pensei “Como eu vou para a
escola?”. Não me entenda mal. Não sou muito de estudar, mas tenho meus amigos. Tenho
Sandra, que é ruiva dos olhos verdes e fera na cozinha, Bart, o loirinho maroto,
nunca perde uma cesta e é lindo de se ver no skate, Jannete, minha best dos
cabelos e olhos castanhos, adora plantar tudo o que vê pela frente e lê tanto
quanto eu. E, é claro, meu namorado Shai. Um lindo indiano com cabelos negros e
olhos claros, entre o azul e o verde.
Babando pelo Shai, pensei que o método de
fuga padrão seria ideal. Minha mãe entregou meus lençóis
ontem à tarde, (ela nunca faz
minha cama, o que significa que ela está sempre desarrumada. Ela diz que eu
tenho que arrumar, mas eu simplesmente não tenho paciência) o que me diz que dá
para sair pela janela.
Amarrei quatro lençóis um no outro. Teria
que passar pela janela da cozinha, mas eu nem ligava. Até queria que eles me
vissem. Amarrei o primeiro lençol no armário e joguei os outros. Saí pela
janela.
Quando eu cheguei ao chão, olhei para a janela
da cozinha e fiquei ouvindo o que eles estavam falando.
-... ato Saint Antoine, é
para onde ela vai.
- Tem certeza que é
necessário, querido?
- Sim, querida, tenho.
Depois de ele falar isso, ele se virou
para a janela. Eu mais que depressa me abaixei, mas não estava em meu dia de
sorte, como eu já disse. Ele colocou a cara para fora da janela. Olhei para o
seu cavanhaque em forma de “v” e pensei, “Cara, porque ele não corta isso?”.
Neste exato momento, o cavanhaque começou a pegar fogo e o Paul olhou para
baixo.
- Mas o que... Valkyrie?
Não pensei duas vezes. Corri.
Simplesmente amei!!! Uma abordagem instigante e interessante, livre, leve e solta. PARABENS!!! SUCESSO!!! Te amo, bjs.
ResponderExcluirSonia Amaral
obrigado Sônia (tenho que manter a identidade)
ExcluirAdorei! LOL! ^^ Então temos um futuro escritor aqui? Vai nessa que tá mt tri...
ResponderExcluir(Greice)
Obrigado, amiga. To trabalhando na 5ª parte agora.
ResponderExcluir